Suicídio, Sentido da Vida e a Logoterapia

Suicídio

“Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.” (Filme: As Vantagens de Ser Invisível).

“O Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, celebrado anualmente em 10 de setembro, é organizado pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo geral da data comemorativa é aumentar a conscientização sobre a prevenção do suicídio em todo o mundo. Os objetivos incluem promover a colaboração das partes interessadas e auto capacitação para lidar com a automutilação e o suicídio por meio de ações preventivas.”https://bvsms.saude.gov.br/criando-esperanca-por-meio-da-acao-10-9-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio-2/(2023).

Suicídio (do latim sui, “próprio”, e caedere, “matar”) é o ato intencional de matar a si mesmo. Pensar em Suicídio é se entregar a uma busca incansável dos porquês. É refletir sobre quais sentimentos, faltas, lacunas ou mistérios rondavam aquela existência.

A ideia do suicídio como um aparente desfecho para uma história de muito sofrimento, de um quadro depressivo, um ato de desespero ou insanidade, reacende uma discussão sobre a dificuldade que é a compreensão e a abordagem destas pessoas no desenrolar de suas tramas pessoais, além das dificuldades de detecção de sinais de desesperança, dos pedidos de ajuda, verbais e não verbais comuns frente ao surgimento do desejo de morte e da própria ideação suicida.

Lidar com a morte nos remete a nossa própria finitude, que atormenta e ameaça o ser em estado de dor e sofrimento. Mas a realidade é que a pessoa que tenta o suicídio, quer se livrar das dores e sofrimentos que a atormenta e que não consegue identificar solução nem mesmo sentido em sua vida. E os jovens numa condição de sofrimento psíquico são os mais vulneráveis e não conseguem identificar caminhos que possam transformar sua realidade.

A falta de informação e esclarecimento sobre os riscos dos comportamentos autodestrutivos por parte dos familiares e de alguns profissionais de saúde, promove grande descompasso entre as necessidades daquele que apresenta a ideação suicida e a tomada de atitudes das pessoas de seu convívio. Há diversas situações que a pessoa se torna um invisível para a família. O assunto é polêmico, gerador de muita angústia e disparador de fantasias, falta capacitação técnica e profissional, a detecção de sinais e sintomas de depressão pode ser feita através de uma investigação mais cuidadosa do histórico daquela pessoa.

É preciso a adoção de instrumentos de rastreamento para depressão e risco suicida facilmente aplicável nas rotinas de avaliações em saúde, inclusive por enfermeiros. É preciso sensibilizar a sociedade para a importância de um olhar menos amedrontado e mais acolhedor. O sofrimento do outro precisa ser mais escutado, e assim possibilitar maiores intervenções.

A educação é o item mais importante na diminuição dos índices de suicídio. As possibilidades de tratamento dependem de uma combinação de medicações e psicoterapia, a adoção de estratégias para intervenções preventivas na área de saúde pública, a educação em saúde, o papel de divulgação por parte das mídias, que atentem para a identificação das pessoas com risco de suicídio e encaminhamentos possíveis para evitar o ato são de fundamental importância.

O suicídio é um fenômeno complexo e multidimensional, com a presença de elementos biológicos, psicológicos conscientes e inconscientes, interpessoais, sociológicos, culturais e existenciais. Uma série de fatores estão associados com o risco de suicídio, incluindo a doença mental, o uso de drogas e álcool, bem como fatores socioeconômicos.

As circunstâncias externas, tais como eventos traumáticos de perda, separação, luto, falência financeira, podem desencadear o suicídio, porém não parece ser uma causa independente e significam uma crise individual de difícil elaboração. Tudo isso aponta para a necessidade de um tratamento com ações multidisciplinares e até mesmo transdisciplinares, que acolha cada um na sua integralidade de ser biopsicoespiritual.

Podemos identificar diversas causas que conduzem ao suicídio: materialismo severo, solidão, depressão, enfermidades incuráveis, violência – maus-tratos, abuso de todo tipo, pobreza extrema, fanatismo religioso, negligência e abandono familiar, perdas afetivas, alcoolismo, drogadição, transtornos mentais, desesperança, obsessão e/ou melhor desequilíbrios psíquicos.

O Isolamento é o Pior Caminho – Como Ajudar!

O suicídio só faz perpetuar o passado e arrancar o eu do Ser humano. Como afirma Viktor Frankl, através da Logoterapia somos obrigados a demonstrar aos cansados da vida o contra sentido do suicídio, o incondicional caráter de sentido que a vida sempre tem.

É preciso mostrar insistentemente que um suicídio não poderá resolver problema algum, pois nenhum problema se resolve jogando a vida fora. A vida nos apresenta regras que muitas das vezes exige de nós um alto preço para vencer o jogo da vida, mas, ao mesmo tempo nos impõem também jamais abandonar a luta. Ela nos traz infelicidades, frustrações e angústias, mas podemos continuar sem aquilo que por variadas razões não podemos ter.

Por outro lado, podemos trabalhar através do encontro terapêutico e dos recursos e técnicas da logoterapia, a construção de novos caminhos. A identificação de novas respostas pode auxiliar o paciente a tomar a sua vida como um valor, como algo que em todos os aspectos, sempre terá um sentido quando lutar para determinar uma meta, uma finalidade, enfim uma missão na sua própria vida.

“Quando se tem na vida algum ‘porque’” – diz Nietzsche – “Qualquer ‘como’ se pode suportar.” Ao identificar essa missão que representa um sentido no seu viver construirá caminhos e recursos adequados para vencer e/ou suportar dificuldades ou transtornos que fazem parte dessa jornada.

Mas é preciso compreender que não precisa encarar esse desafio sozinho, ele precisa compreender que é capaz e possui meios pessoais próprios de superar e transcender essas situações, pois na medida em que passar a encarar a vida a partir da sua missão a cumprir verá que tudo é capaz de superar vivendo uma vida mais plena e com sentido. Aí o suporte de um profissional especializado é fundamental.

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